domingo, 1 de maio de 2016

Nossa Terra Nossa Gente - Roosevelt

Roosevelt Alves Martins

Roosevelt (último em pé à direita), como treinador e coordenador das atividades do Palmeirinhas de Itanhaém

Roosevelt Alves Martins veio morar em Itanhaém na virada de 64 para 65, com seus pais, o sr. Egídio José Martins e a senhora Ely Silva Martins. Tinha quase dez anos de idade. Nasceu em 25 de janeiro de 1955, em Abaíra, na Bahia.

Ao chegar em Itanhaém, seguiu o exemplo de todo menino da época disposto a ajudar no sustento do lar. Não se intimidou com os desafios e teve como primeiro ofício a venda de sorvete e cocada nas praias. Foi menino-vendedor e menino-engraxate, lustrando sapatos, conhecendo pessoas e fazendo novas amizades.

Não demorou e chamou à atenção de comerciantes que logo o contrataram para atividades melhor remuneradas. Foi ajudante de cozinha no restaurante do João Bonito e, depois, copeiro na Choperia Colonial do Sr. Armindo.

Neste período, conciliava o trabalho com a dedicação aos estudos. Foi no memorável CENE que cursou o ginásio e o colegial, escola onde fez inúmeros e inesquecíveis amigos. Em Santos, na Universidade Santa Cecília, estudou Administração de Empresas.

Mexer com papéis e documentos passaria a fazer parte de seu cotidiano quando conheceu os ofícios de escritório ao ingressar no Auto Posto Anchieta, do empresário e político Osmar Rodrigues, a convite de seu amigo Milton Sérgio. Teve ainda uma grande experiência na Construtora Quadrante, a mesma que desbravou o litoral erguendo edifícios modernos como o Quebra-Mar e Abarebebê na Praia do Sonho.

Porém, sua vida profissional ficaria marcada para sempre em uma das maiores instituições bancárias deste país. Foi contratado pelo Banco Itaú, começando em funções menores e, gradativamente, com muita persistência, foi galgando posições até se aposentar como gerente-geral, após mais de 35 anos de dedicação e trabalho.

Mas ele não vivia só de trabalho. Encontrando tempo para se dedicar ao convívio social e recreativo da bucólica Itanhaém dos anos 70 e 80, ele logo foi escalado para a coordenação do Centro Comunitário de Itanhaém (CCI), núcleo de evangelização que se tornou muito conhecido entre a juventude itanhaense.

Ao mesmo tempo, convidado pelo saudoso Roberto Bernardi e pelo querido Coronel Carlos Miranda, exerceu a posição de tesoureiro do Conselho Municipal de Turismo, então bastante atuante naquelas décadas de 70 e 80. Foi também presidente do bloco carnavalesco Lhe Lhe Bahia, promovendo os mais animados desfiles nas ruas de Itanhaém.

As suas atividades na sociedade não ficaram por aí. Porque não poderíamos nunca deixar de falar da sua rica história na agremiação esportiva que mais formou jogadores de futebol em nossa cidade. Pois quem nunca ouviu falar do Palmeirinhas? Isso mesmo, o glorioso e saudoso Palmeirinhas de Itanhaém, uma associação esportiva fundada pelo inesquecível Nivaldo de Oliveira, o Nivaldão da Nivana Turismo.

Tendo começado como goleiro das categorias menores, pelo Palmeirinhas, Roosevelt chegou à condição de titular por vários anos da seleção itanhaense de futebol. Depois, se tornou auxiliar-técnico do Nivaldão e do Zé do Caixão até, enfim, se tornar o comandante principal do Palmeirinhas de Itanhaém por mais de 20 anos. Nos registros deste saudoso time de futebol, se perdem nos números a quantidade de títulos e conquistas do Palmeirinhas, seja em âmbito municipal, regional, e até internacional, em virtude das várias excursões que o Palmeirinhas fez ao exterior.

Mas para Roosevelt, a família é o motivo maior de orgulho. Enriquecem esta maravilhosa trajetória de vida a sua esposa Deise Gimenes Martinez Martins, os filhos Táygara e Táyan e os irmãos Antônio, Welton, Elizabete, Celso e Soraia. E todos, carinhosamente, o chamam de Vétinho.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Coisas dos anos 80


Estilos da garotada

Na adolescência sobra tempo para se apegar a modas passageiras

Ver um garoto fantasiado de Restart não impressiona tanto porque, na adolescência, por exemplo, nossa turminha também curtia bandas e cantores populares. Era moda entre 1984 e 1985 tentar ficar parecido com o Paulo Ricardo do RPM e as meninas com a Madonna, estourando na época com Like a Virgin. Tinha um grupinho na escola do Belas Artes que imitava o Queen. O líder até pintava aquele bigodinho do Freddie Mercury.
 
Tinha a turma que imitava com perfeição os passos da música Billie Jean, do Michael Jackson. E como faltava coragem aos meninos para se caracterizar como o Rick Martin, Robi Rosa, Roy, Ray, etc, essa tarefa cabia às meninas. Numa festinha, deram show, numa dublagem perfeita da música Não Se Reprima.
 
Quase tiveram o brilho ofuscado pela apresentação de uns vinte alunos que imitaram o mega sucesso de então, We Are The World, a música criada para ajudar no combate à fome na Etiópia. Teve professor chorando. Aí rolava o bailinho. Tinha a música If You´re Not Here (By My Side), cantada pelo Robi e todo mundo dançava a lenta. Mas era mão no ombro. Com um metro de distância. A dona Xixa vigiando.

Nas festinhas, as professoras incentivavam as performances porque também era um lado cultural que estávamos vivendo. Uma vez teve um concurso de dublagem. O Adail (in memoriam), irmão do Geraldinho, e desde criança mestre na arte da dança, montou um grupo para imitar o The B52s. Tirou nota 10 e foi concorrer no campeonato municipal de dublagem, realizado no CENE. Tirou 10 de novo. Depois se tornou conhecido na Cidade quando criou o grupo de dança Casablanca, que todos se lembram muito bem.

Modismos são comuns em qualquer época. A gente parece esponja, que absorve tudo o que é oferecido no momento. Numa época, acho que em 88, éramos uns oito na turma do 2º D noturno, ali no Jon Teodoresco. Resolvemos deixar o bigode crescer. Só o bigode. Em alguns era só a penugem. Em outros, parecia o Rivellino, tal o volume do mustache. Aí os outros da classe resolveram entrar na brincadeira.

O professor Felício (de Química) também deixou crescer seu bigode loiro e aderiu ao movimento. Mas durou pouco aquela rebeldia. Em 1988, bigode deixava todo mundo velho. E tinha a reclamação das namoradas. Diziam que “espinhava” na hora do selinho.

Bom, pra resumir, quando vemos nossos filhos, sobrinhos e afilhados comprando CDs, pôsteres do Restart, Luan Santana, camisetas, calça verde e tênis laranja, não nos assustemos.

Já fomos assim um dia. Lembram-se quanto esforço pra assistir a um show dos Mamonas, de Bredão, dormindo na rodoviária de Santos e voltando pra casa só no domingo de manhã?

Já gostamos até do Menudo, vejam vocês.

(texto criado em novembro de 2010 e integrante da coletânea Crônicas de um Itanhaense)

sábado, 27 de julho de 2013

Perfis Itanhaenses - Eloi Conceição Marques


Eloi Conceição Marques nasceu em Santos, em 28 de janeiro de 1955 e chegou a Itanhaém nove anos depois, em 1964, com seus pais: o corretor de imóveis Manoel Marques, que era imigrante português e a dona de casa Conceição de Jesus, também nascida em Portugal, na região de Pombal/Leiria.

A família foi morar no Suarão. Dos sete filhos do casal, apenas o mais velho, Armindo, nascera em Portugal. Os outros seis nasceram no Brasil, que são: Celso, Eloi, Irineu, Helena, Isabel e Marcelo.
 
Eloi estudou na escola do Suarão, inicialmente em uma casa de madeira ao lado da Igreja. Depois, a escola foi instalada em uma sala em cima de delegacia do bairro.

Em 1967 foi fazer admissão no Colégio Estadual de Itanhaém (CENE), onde permaneceu até os 17 anos, quando se transferiu para Santos, para terminar os estudos no Colégio Itá, retornando em seguida para Itanhaém.

Em 1968, já trabalhava meio período como auxiliar na livraria Frei Gaspar, que funcionava no térreo no Edifício Castro, que ainda estava em construção; e no outro período do dia trabalhava como Guarda Mirim no Ministério do Trabalho, que também funcionava no Castro.

Havia entrado neste ano na Guarda Mirim, a instituição comandada pelo Tenente Queiróz.

Em 23 de fevereiro de 1974, ao lado dos amigos Antônio Wilson Pontes Quintas e João Carrasco, fundou no Edifício Castro a loja Jut´z Som, para vender discos em vinil, conhecidos como bolachões.

Em 1977, assumiu sozinho o controle da firma. Está no ramo há 44 anos e é um dos mais antigos distribuidores da Editora Abril no país, estando há 20 anos nesta atividade em todo o litoral. 

Em 1978, casou-se com Maria Iza Patucci Marques, que mais tarde seria gerente da Caixa Econômica Federal. Tiveram os filhos: Heloísa, formada em Artes Plásticas e atualmente trabalhando no Itaú; e Eloi, formado em Engenharia da Computação, hoje morando e trabalhando na Inglaterra, em Londres.

Eloi foi vice-presidente da Promoção Humana de Itanhaém, na gestão de Terezinha Bernardi, ampliando a atuação da entidade social no atendimento aos carentes e necessitados.

Seus irmãos: Armindo, Celso e Irineu são conhecidos na cidade pela atuação profissional no ramo automotivo. Formaram a famosa Equipe Krau´s, com oficina e acessórios para carros.

Manoel Marques faleceu em 2004; hoje, o bairro do Verde Mar tem uma rua com seu nome.

Eloi é grato à cidade que o recebeu de braços abertos e onde construiu sua família. É um incentivador cultural, pioneiro na venda de discos, fitas-cassete, apaixonado por Itanhaém e pela sua história, tendo sua loja se tornado ponto de encontro de itanhaenses saudosistas.

sábado, 1 de junho de 2013

Do livro "Crônicas de um Itanhaense"

Livro de André Caldas, à venda em todas as bancas de Itanhaém, por R$ 12,90
*este livro já está na segunda impressão (agora com mais 300 exemplares) 

Fãs de ocasião

Ter um ídolo, ser fã de um artista, mesmo que bem distante, não faz mal a ninguém

Artistas de televisão despertam a curiosidade de qualquer um. Mesmo que não estejam mais em evidência. Dias atrás, duas situações me chamaram bastante a atenção. A primeira aconteceu no Pão de Açúcar. Estava na fila do caixa quando percebi a chegada do querido Carlos Miranda. Cumprimentei-o, trocamos umas palavras e, em seguida, ouvi na fila, atrás, uma voz feminina, totalmente espantada, indagando se aquele não era o ator do seriado Vigilante Rodoviário. Era uma paulistana, sessentona, babando de felicidade por estar tão perto de seu maior ídolo na juventude. A emoção foi ainda maior porque contei a ela que o seriado de aventura de maior sucesso nos anos 60 voltará a ser produzido, pela Globo, para ser exibido ainda este ano.

A outra situação curiosa foi quando um conhecido me procurou com o número do celular de uma atriz global que ele acabara de encontrar na praia.

Estava tão eufórico que fez questão de contar em detalhes tudo o que conversou com ela. Fiquei bobo com a admiração do rapaz. Definitivamente, ela acabara de ganhar um fã. A artista, Tânia Boldezan, de fato participou de muitas novelas na Globo. Em Terra Nostra, foi a governanta da casa do personagem de Raul Cortez, o Francesco. Ela revelou que tem casa em Itanhaém e adora as praias da cidade.

Estar perto de alguém famoso da TV deve mesmo causar uma estranha sensação de importância. Em fevereiro, recebi um telefonema de um colega. Estava no orelhão de um quiosque no Tupi, acabara de jogar futebol com um pagodeiro do Katinguelê. Me convidou para fazer uma matéria. Não sei se era coincidência, mas ele tinha todos os discos do grupo.

Outro amigo, roqueiro desde a adolescência, deu de cara com o guitarrista dos Titãs, Nando Reis, na praia do Suarão. Em outro caso, em 1985, um integrante do RPM, Fernando Deluqui, em seu auge, passou uns dias no Cibratel e frequentava o Pocinho. Não se falava em outra coisa na cidade.

Vez por outra, colegas encontram gente famosa em Itanhaém e fazem questão de me telefonar. “Alô, estou aqui no Calipso almoçando e você não imagina quem está na minha frente! O Elias Gleiser.”

Um episódio conhecido, e engraçado, foi a festa de lançamento do Xuxa Water Park, há três anos, no bifê O Leopoldo, na capital. Tinha artista que não acabava mais. De todo tipo e estilo.

E a numerosa delegação de Itanhaém não perdeu a chance. Tantas fotos que quando voltaram à cidade e se encontravam, tentavam esnobar sacando uma foto do bolso, no que o outro fazia a mesma coisa.

Ter um ídolo, ser fã de um artista, mesmo que bem distante, não faz mal a ninguém.

É parte da natureza humana. Reflete um pouco daquilo que gostaríamos ou poderíamos ser, um dia talvez.

Texto integrante do livro "Crônicas de um Itanhaense". Foi veiculado originalmente em setembro de 2001, na seção Crônica da Cidade, do jornal Fatos de Itanhaém.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Crônica do André Caldas


Coisas de dezembro

Porque tem coisas que só acontecem com a gente nesta época

Da forma como anunciam os cartões natalinos, este é um período de reflexão, de olharmos mais para o interior de nós mesmos e procurarmos melhorar o mundo.

E vivermos situações inusitadas também.

Porque existem coisas que só acontecem mesmo em dezembro, quando somos tomados pela descontração, relaxamos na disciplina, dormimos tarde e acordamos tarde também.

É o mês onde participamos de tudo que é festa de confraternização. Na minha profissão, recebo convites para três eventos ao mesmo tempo. Mas não temos estômago suficiente pra tanta picanha, farofa e pão com vinagrete. Nem temos tantos amigos ocultos assim.

Participamos também das peladas de confraternização, que reúnem corintianos versus santistas, amigos desse versus amigos daquele e assim por diante. Ocorre que participei no último domingo de uma pelada na praia do São Fernando reunindo solteiros versus casados. É tradição. Existe há mais de dez anos. As equipes nunca mudaram muito. Mas desta vez o time dos casados cresceu, tal a quantidade de amigos que se casaram de janeiro pra cá. Já desconfiava disso, porque passei o ano recebendo convites de casamento.  

Das coisas de dezembro que mais gostamos destacam-se as festas familiares e a chegada dos parentes. Esta semana conheci dois primos do interior que, juro, nem sabia da existência.

Mas no fim do ano tem coisa mais divertida do que as crianças correndo pela casa? Do pequenino sobrinho perguntando se Papai Noel vai descer pela chaminé da lareira ou surgir da churrasqueira dos fundos? Dos carteiros e coletores de lixo tão gentis nesta época (claro, tem a caixinha, o vinho, o panetone)? Do corre-corre esbaforido das nossas tias na cozinha, conferindo cada detalhe da ceia? E os telefonemas, SMS, e-mails e dos cartões de Natal que muitos acham antiquados, mas se desmancham todo quando o carteiro chega?

Bom, tem a depressão de fim de ano. E neste quesito, amigo e amiga, não se preocupe. Um pouco de tristeza e contrição ajuda a equilibrar nossas emoções. Ninguém é de ferro. Claro, vamos nos lembrar dos amados que se foram, com tristeza, porque não estarão mais conosco nesses momentos de grande alegria. Por ser a época mais esperada do ano, para a maioria das pessoas, o período natalino traz um misto de ansiedade e depressão. É uma época em que as emoções se alteram, para cima ou para baixo, mexendo de fato com o humor de cada um de nós. Tem a depressão pelas lembranças tristes e aquelas provocadas pela ansiedade. E isso afeta mais as donas de casa, que não querem se equivocar em nenhum detalhe da festa. A adrenalina sempre a mil por hora. Seja qual for o motivo o coração bate acelerado, falta o ar e a barriga gela. Esses são alguns dos efeitos da ansiedade que, em dosadas proporções, é até benéfica, afirmam os entendidos. 

Só que, das melhores coisas para se fazer neste final de ano, brindar com amigos não tem preço. E sem pressa, nem celular tocando. E nossa turma tem preferência pelos botecos dos bairros. Afinal, somos originários da periferia itanhaense, freqüentadores de bares com mesa de sinuca, bêbados cochilando no balcão, pôsteres da seleção de 82 na parede e tira-gostos de origem contestada (alguém já comeu um ovo cor-de-rosa num botequim?). Vai daí que nesta época do ano seguimos uma via sacra conhecida: bar do Luis (Loty), bar do Marquinhos (trevo do Suarão), padaria do Armandinho (Savoy), padaria do Bedeu (Ivoty), bar do Levi (Cesp), bar do Nei (Belas Artes) e bar do Russo (Jardim Regina) e outros mais, sem esquecer o Porbem, no Centro, onde encontramos o melhor torresmo do Brasil. Em cada boteco ganhamos uma folhinha, um calendário, abraços e por aí a coisa vai.

Como estamos no final do ano, reencontramos gente que há décadas desconhecíamos o paradeiro. E em alguns casos, não reconhecemos de imediato, porque todo mundo engorda, não tem jeito. A careca, a bochecha e a saliência abdominal escondem o rapaz esbelto e atraente de vinte anos atrás.  

Resumindo a missa, fim de ano pra quem mora em Itanhaém exige também muita paciência com os turistas. A turma que desce a serra ajuda na economia local, apesar dos problemas que trazem a tiracolo. Mas é nossa obrigação recebê-los e orientá-los porque estão sempre perdidos. Se bem que não tiro a razão do meu jardineiro, que fulo da vida, deu uma orientação errada depois de quase ter sido atropelado por um grupo de rapazes num carrão envenenado que parou ali na frente e pediu informações sobre como chegar à Praia do Sonho. “Ih, tá longe. Pega a rodovia lá na frente, vai em direção a Peruíbe, porque a Praia do Sonho fica depois da Praia do Gaivota”. 

Pega leve, seu Ari! 

Dezembro de 2007
(texto publicado no livro Crônicas de um Itanhaense, à venda nas bancas de Itanhaém)

* * * 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Do livro "Crônicas de um Itanhaense"


Promessas para o ano vindouro
 
Como toda festa de confraternização, tem muito veneno escorrendo pelo canto da boca

Sexta-feira passada foi o dia do encontro anual de uma velha rapaziada ligada à comunicação aqui da região. Velhos e novos profissionais do nosso ramo. Alguns chegando agora, outros já pensando em aposentadoria. Desta vez, não éramos muitos. Mas enchemos quatro mesas. Um papo mais que agradável, porque a regra ali é falar de tudo e, obrigatoriamente, até da vida de quem faltou ao encontro. Nada de amigo oculto também. Isso é coisa de capitalista, consumista, resmungou lá da ponta o velho Neirão. 

Toda turma de amigos reserva um canto para os que não perdoam nada nem a ninguém. Cospem veneno. De tudo fazem chacota. Acho que entrei nessa fatia, sexta passada. E o veneno foi destilado em cima dos pauteiros do telejornalismo regional. Porque, no meio da conversa, sugeri que registrássemos em guardanapos as pautas que os telejornais regionais obrigatoriamente levariam ao ar em 2011. Mas foi assim: antes, deixamos bem claro nosso respeito imenso à turma televisiva aqui da Baixada. É que, querendo ou não, é batata! Pode apostar: as pautas são todas iguais, ano após ano.

Então registramos em vários guardanapos o que os repórteres mostrarão na TV regional no próximo ano. Começando por janeiro em que aparece sempre um jornalista ao vivo de uma praia do litoral anunciando calor recorde, engarrafamento na Pedro Taques, temporais na Baixada, enchentes, falta d´água. Daí entra fevereiro e a pauta obrigatória é o Carnaval. E tem também aquela repórter que vai entrar ao vivo d´uma papelaria pra mostrar que os pais precisam pesquisar os preços dos materiais escolares.  

E por aí a conversa discorreu até chegarmos a dezembro, entre risos, veneno escorrendo pelo canto da boca. O relógio acusava uma da manhã e os celulares começaram a se manifestar. Eram as esposas intimando a que horas terminaria a “festinha”, assim, com ironia mesmo. Praticamente só tinha homem na reunião. Tinha a Soraia também. Só que ela recebeu um telefonema de sua esposa, como ela mesma entregou. Então éramos um clube do Bolinha ali naquelas quatro mesas.

Ainda deu tempo de fazer algumas votações para eleger o “quem é quem do Brasil” do ano que estava acabando. O cara do ano foi o palhaço Tiririca (Neymar perdeu por um voto); a musa de 2010 foi a atriz Aline Moraes; o mico do ano foi cometido pelo Faustão que, ao vivo, trocou bullying (atos de violência física ou psicológica) por bulimia. Teve também a Suzana, colega nossa, cujo casamento foi em maio. Ela ganhou o “Troféu Acabou com o Clima” de 2010. A Suzana avisou o Ronaldo, na primeira noite da lua-de-mel, que pegara uma disenteria daquelas. O bufê servira um marisco bem passado. Passado dos dias. 

Como toda festa de confraternização, terminamos prometendo cada um levar mais um profissional de imprensa no encontro do próximo ano. Entre as promessas repetidas, das mais divertidas foi a do Rubão, cinegrafista, que prometera não se separar de sua esposa em 2011. Já está no oitavo casamento. 

No final, ficaram comigo os guardanapos com as apostas das tais pautas televisivas. Estarão bem guardadas. Até dezembro de 2011, quando vamos nos encontrar e rir bastante de mais um ano. Inclusive o comunista Neirão. Saúde, velho!

André Caldas
Dezembro de 2010
*texto extraído do livro "Crônicas de um Itanhaense", à venda nas bancas de itanhaém, já em segunda edição

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lembranças da infância, no Ieda (crônica do André Caldas)

Boa pontaria (ou não, depende)

Ele era o pior lateral-direito que tinha no time da nossa rua

As peladas de fim de semana fazem parte dos costumes de qualquer bairro que tenha áreas livres. E tinha áreas de sobra lá no Ieda, nos idos de 77 a 80. Tinha uma praça, que continua do mesmo jeito até hoje, passados mais de 30 anos, que era o ponto de encontro da comunidade nos sábados à tarde e domingos de manhã (quando se conseguia fugir da escola dominical).

Na periferia, em qualquer cidade, os campinhos - de terra, grama ou mesmo nas ruas pavimentadas – tornam-se ponto de encontro preferido dos finais de tarde. É ali onde toda mãe sabe que vai encontrar o filho. Mesmo que o rebento não goste de futebol. Porque aquele campinho parecia um playground. Como o espaço era extenso, alguns garotos jogavam taco, outros jogavam triângulo com bolinhas de gude, empinavam pipas e outros (o meninos acima de 12 anos) sentavam nos troncos de eucaliptos apenas para flertar com as meninas. Mas só olhavam. Era só “pressão”, um termo popular na época para designar os metidos a besta.  

Também na periferia, a população infantil é grande. Por isso o campinho parecia um formigueiro. E por isso também era imensa a quantidade de amigos que todo mundo tinha.

A turminha do futebol era uma grande concentração de moleques. Passava dos trinta. Sempre ficava um time do lado de fora, esperando um deles perder para dar a vez a outro.

E para montar os times era um curioso critério: formava-se um paredão de jogadores; escolhiam-se dois capitães que chutavam, um por vez, em direção ao paredão. Quem fosse acertado se dirigia para o lado esquerdo ou direito. Às vezes o capitão tentava acertar o craque da turma. Geralmente errava. A bola batia no pior jogador. E o pior era o Miquéias.

Até aquele dia.

Miquéias era caladão (ou continua até hoje. Perdemos contato). Mas era amigo de todos, gentil, ótimo em empinar e laçar pipas, exímio nadador e bom de pesca também. Tinha uns riachinhos ali perto onde ele fisgava traíras e lambaris. Mas não jogava nada de futebol.

Feitas as escolhas, o capitão Vavá aparentemente se dera melhor nos chutes ao paredão. Formou uma boa defesa, tinha o Renato Chupa-Dedo no meio campo e o Rubão no ataque. Pelo nosso lado, o goleiro Givaldo pelo menos tinha uma noção.

Mas o time ainda precisava de alguém ali pela direita. E só restava o Miquéias no paredão. Olhamos, analisamos e concluímos que era ele ou nada. Jogar desfalcado era pior. Miquéias era ruim de bola mesmo. O pior lateral-direito da rua.

Com a bola rolando, a nossa desvantagem era óbvia. O time do Vavá mandava e dominava. Logo tomamos o primeiro gol, depois o segundo, depois o terceiro.

Antigamente, os políticos eram mais próximos dos bairros. Quando estava três a zero para o time do Vavá, um vereador prometeu pagar tubaína caso conseguíssemos pelo menos empatar.

Perdendo de três a zero, tentávamos a todo custo empatar aquela peleja.

Então foi que tudo aconteceu. Parado ali na lateral-direita, Miquéias não rendia nada, ele próprio percebera que foi pelo seu lado que tomamos aqueles três gols. Estava chateado. Ainda mais porque seu primo Guto estava ali perto do gol adversário, “zoando” com ele. Tirava sarro, ria e bradava aos quatro ventos que tinha um primo ruim, mas ruim mesmo de bola. Guto estreava uma camisa nova. Toda branca.

Ainda restavam uns dez minutos de jogo quando caiu uma rápida chuva de verão. Lama, lodo, areia e terra, tudo se misturava.

Aí a nossa sorte começou a mudar. Miquéias recebeu uma bola, mirou e mandou de direita. Um golaço, no ângulo. Ninguém acreditou.

Dois minutos depois, a bola chega de novo pra ele. Replay do primeiro gol. Só que agora de perna esquerda. Chute certo. No canto superior esquerdo do goleiro Vitinho.

Restavam alguns segundos para a partida acabar. Novamente a bola cai ali pela direita. Miquéias correndo, pedindo que lançassem. Estava empolgado entrando pela meia-direita.

Lembram-se daquele lance do quarto gol do Brasil na Copa de 70? Pelé rolando pra Carlos Alberto dar aquele chute de primeira. Pois Formiga fez o mesmo. Miquéias vinha na velocidade, Formiga olhou e colocou com carinho, com jeitinho. Miquéias mirou de novo, nem piscou, mandou para o gol. Put´z! Um golaço. No ângulo esquerdo, de novo. O goleiro parado, a bola descendo pela rede, a torcida muda, o primo Guto também, lógico.

Fim de jogo. 3 x 3. Todos para o Bar do Lúcio beber tubaína e baré-cola. Miquéias é abraçado pelos amigos. Desvencilha-se da turma e responde aos que elogiavam tantos chutes certeiros: ‘não acertei nenhum, não’, explicou com seu sotaque nortista.

Ele queria mesmo era acertar uma bolada no primo Guto que estava provocando ele, perto da trave. “Na próxima ele vai ver só!”, disse, virando de uma vez um copo de tubaína gelada!

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 * André Caldas é editor do Jornal Fatos de Itanhaém e contador de histórias. Autor do livros Itanhaém Histórica e Crônicas de um Itanhaense.

domingo, 2 de setembro de 2012

Já nas bancas e livrarias

Livro traz uma coletânea de crônicas assinadas por André Caldas e inspiradas em Itanhaém, a segunda cidade mais antiga do Brasil (481 anos).
O livro pode ser adquirido em todas as bancas do município. Tem 112 páginas e custa R$ 12,90.

sábado, 4 de agosto de 2012

Nossa História Nossa Gente


Elza Cobra de Moraes conheceu Itanhaém no final dos anos 60, a veraneio, com o esposo Wilson de Moraes, que era militar. Gostaram muito da cidade litorânea. Mudaram-se para Itanhaém em 1970, indo residir em uma casa na esquina da avenida Condessa de Vimieiros com a rua Leopoldino Araújo.

Elza nasceu na Capital, em 1920, na Rua Bonita, no bairro da Liberdade. Estudou em escola de freiras, o tradicional Colégio São José, na Rua da Glória, com educação francesa, e entrou para o magistério. Lecionou por quase toda a vida, formando homens e mulheres de bem, verdadeiros cidadãos e cidadãs.

Ainda na escola, conheceu o futuro esposo, Wilson. O casal teve três filhas.

Nas férias que passavam em Santos, ela, o marido e as filhas um dia resolveram conhecer a cidade praiana de que todos falavam, a cidade do Convento, das lindas praias.

Quando chegou a Itanhaém, Dona Elza se maravilhou com as belezas naturais, o clima bucólico, a tranquilidade e o som das ondas se chocando contra os rochedos, um conjunto harmônico que encantava e continua encantando os visitantes.

Depois de aposentada no magistério, Dona Elza descobriu a arte em Itanhaém. É poeta com livro publicado, membro da Academia Itanhaense de Letras e autora de lindos quadros onde retrata o cotidiano e as paisagens da cidade, principalmente as praias.

Ainda em São Paulo, antes de se mudar para Itanhaém, Dona Elza teve seu primeiro contato com o radioamadorismo, radioescuta e radiotelegrafismo. Gostou tanto que adotou a atividade como hobby e se tornou uma das radioamadoras mais conhecidas do Brasil.

Essa prática ela mantém ainda hoje, aos 92 anos, em sua casa, no Centro de Itanhaém, onde mantém um radioamador e um telégrafo, liderando rodadas de conversas com outros radioamadores do país e do mundo todo.

Entre as principais lembranças da atividade, ela se recorda que na Estação Ferroviária de Itanhaém havia um telégrafo antigo, grande, que atraía a atenção dos meninos e que serviu durante muitas décadas como o principal canal de comunicação da cidade com outras localidades, antes da chegada do telefone.

Dona Elza se recorda também de episódios marcantes no radioamadorismo, como campeonatos e concursos, ações de salvamentos a pilotos e capitães perdidos em alto-mar e outros momentos de prestação de serviços em que o radioamador foi vital para garantir a sobrevivência de muitas pessoas, em catástrofes e acidentes. Quando a comunicação mais comum falha, no caso os telefones e celulares, a humanidade sabe que pode contar com o radioamador e com o telegrafista.

Um dos maiores encontros de radioamadores do país foi realizado em Itanhaém em 2011. Dona Elza foi procurada por radioamadores e telegrafistas de vários Estados, que queriam conhecer a mulher com quem eles conversam frequentemente e que é respeitada e querida neste segmento.

Hoje nosso Município tem a honra de ter como uma de suas cidadãs uma pessoa de gestos tão nobres e motivo de tamanha admiração no radioamadorismo, que dignifica esta atividade que, mesmo sendo um hobby, é das mais importantes para a vida social da humanidade.
(por André Caldas)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Itanhaém 480 Anos



Participe da edição comemorativa "ITANHAÉM 480 ANOS"

O município de Itanhaém comemora 480 anos no próximo mês de abril. Para marcar a data, o jornal Fatos está produzindo um caderno especial sobre a história da cidade no século 20, a partir de 1901.

As matérias terão a colaboração de famílias tradicionais, que já podem agendar entrevistas através do telefone 3426-8589 ou do e-mail jornalfatos@uol.com.br.

A população também pode encaminhar fotos e imagens deste período, sempre com a devida identificaçãos dos personagens da foto. No caso das fotos em papel, podem entrar em contato com o jornal que a equipe do Fatos faz o escaneamento e a devolução da foto ao portador.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Autor: Eduardo Bueno

Um povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la
E, é o que se diz, o brasileiro não tem memória. Embora chavões, essas sentenças são, para o jornalista Eduardo Bueno, verdades que se cruzam de modo comprometedor para o Brasil. “Lula se anunciando como pai do povo no horário eleitoral é uma repetição de Getúlio Vargas”, diz. “O que revela que o Brasil ainda é um país com viés paternalista, onde as pessoas acham que a solução tem de vir dos outros, que a sua responsabilidade é quase nenhuma.” Autor de numerosos e bem vendidos livros de história, Bueno está sempre de olho no país. Um olhar que, para alguns especialistas, carece de formação acadêmica.
Ainda que não seja unanimidade entre historiadores, com cerca de 600.000 exemplares comercializados, Bueno é um fenômeno editorial.Confira um rápido bate-papo com o autor:


Por que livro de história vende tanto no Brasil?
 O Brasil é um país espantoso, que deixa a gente inseguro quanto ao futuro. Agora, um pouco menos, por causa da aparente estabilidade da era Lula, que não se revelou o comedor de criancinhas que todos temiam. Mas acho que existe de fato uma curiosidade sobre o futuro do Brasil e isso desperta também interesse pelo seu passado. É aquela coisa de “Quem somos, de onde viemos, para onde vamos”. E tem também uma questão de identidade. As pessoas me perguntam muito, nas palestras que eu dou, se determinados hábitos que temos são mesmo legado português. É uma crise de identidade, e a introjeção de uma mentalidade colonizada. Mas, olha, cara, não se vendia assim antes de mim. Falo isso independentemente de ego.


Se esse terreno ainda era incerto quando você começou, por que decidiu se arriscar nele?
Primeiro, porque história era um assunto de que eu gostava. Segundo, porque, pela minha experiência no mercado editorial, sentia que havia uma demanda reprimida por livros de história no país. Eu percebia essa demanda desde os anos 1980, quando fiz uma coleção na editora LP&M sobre os grandes viajantes do período colonial – o Américo Vespúcio, o Cristóvão Colombo e o Pero Vaz de Caminha – e aquilo explodiu, vendeu muito. Então, eu ampliei a coleção e incluí Marco Pólo, que entrou para a lista de mais vendidos de VEJA.

Foi aí que você resolveu escrever os próprios livros de história?
Teve mais uma coisa que contribuiu para a minha decisão. Três que caras confirmaram o que eu pensava: o Fernando Moraes, com o best-seller Olga, meu amigo Jorge Caldeira, o Cafu, que vendeu 180.000 exemplares de Mauá, e o Ruy Castro, que não faz exatamente história, mas livros com substrato ligado à área, como biografias de grandes brasileiros. Eu olhava tudo isso e me dizia, “É óbvio que as pessoas querem uma história do Brasil com mais sangue, com mais vida, com personagem de carne e osso, com mais ação e aventura, e com um texto jornalístico, não acadêmico”. E vi que havia um longo período do Brasil a ser explorado: o colonial. Porque esses três caras que eu citei trabalhavam com o passado recente, com o século XX – mesmo o do Barão de Mauá, porque ele, ao defender a industrialização do Brasil no século XIX, foi uma espécie de arauto do que viria. Resolvi ir fundo e pegar aquilo que estava aprisionado na sala de aula. Percebi que um livro com viés jornalístico iria atingir um público que estava querendo isso.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Dez anos sem Cássia Eller


Pois é, parece que foi ontem. Uma década sem a cantora Cássia Eller nos faz lembrar de todos os bons cantores que nos deixaram cedo, mas plantaram músicas de qualidade que jamais vamos esquecer.

A morte precoce parece que amplifica a importância de suas letras e sua poesia.

A gente pensa também em quantos artistas, tão bons no início da carreira, que penam, comem poeira, sofrem agruras mil até que conseguem um lugar ao sol.

Não foi diferente com Cássia Eller.

Disso me recordo muito bem.

Corria o abafado verão de 1990, em Itanhaém. Nos finais de semana, atuava como promotor de eventos da Danceteria Ibiza, do meu amigo Zé Demetrius.

Resolvemos promover o concurso Garota Ibiza, em janeiro.

Convidei um velho amigo, o locutor mais famoso daquela época, o Rui Pantera, líder de audiência na Rádio Cultura FM, de Santos. Ele apresentou o evento e sorteou LPs (os bolachões) de vários cantores, entre eles uns quatro discos da Cássia Eller.

“Cássia quem???”, perguntavam os brindados com os discos.

Já tinha ouvido alguma coisa dela e gostei muito do som e da emoção colocadas nas músicas. Algumas pessoas devolveram os discos na saída, alegando desconhecer a artista.

Certamente se arrependeram depois, já na metade da década de 90, quando a cantora estourou com vários sucessos (Eu só peço a Deus um pouco de malandragem... mesmo sendo um refrão pegajoso, é muito melhor do que os Rebolations da vida).

Não tenho mais aquele álbum "Cássia Eller" (na época os primeiros discos dos artistas saíam com seus nomes), de 1990, que tinha uma música ótima: Não Sei O Que Eu Quero Da Vida – alguma coisa onde Zeca Pagodinho depois puxou inspiração para criar Deixa a Vida Me Levar.

Aliás, lembrei que não tenho mais nenhum dos meus bolachões (extraviados nesta vida nômade).

Cássia Eller penou para ser reconhecida. Infelizmente, saboreou muito pouco o estrelato.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Livro História de Itanhaém


Livro Itanhaém Histórica traz um resumo da trajetória da segunda cidade do Brasil

Já está à venda nas bancas o livro "Itanhaém Histórica", que apresenta em 160 páginas um resumo da história da cidade, desde a fundação, em 1532, até o final do século XX.

O livro é de autoria do jornalista e escritor André Caldas.

Leitores de outras cidades podem encomendar o livro através do e-mail: andrecaldas70@gmail.com. Para as cidades da Baixada Santista, o frete é grátis (carta simples)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MÍDIA


Frequência 98,1 agora transmite a Mix FM

 A frequência 98,1 FM agora transmite a programação da Mix FM, emissora pop-rock paulistana. A rádio começou em Itanhaém, ao lado do Convento, como Ilha do Sol, transmitindo rock in roll. Depois foi para São Vicente, passando a operar como Transamérica, Classic Pan e Mix, e em 2004 se filiou à rádio 89 FM da capital paulista. Quando esta desapareceu, em 2006 a emissora santista foi a única a manter o título Rádio Rock. A concessão para o empresário Claudio Mussi (grupo Mussi, de São Vicente) é de Itanhaém, mas a emissora opera em São Vicente, no Radio City Music Café, da praia do Itararé.

A Mix FM é uma rede de emissoras de rádios brasileira, dedicada exclusivamente a música pop/rock e ao público jovem, de perfil de classes ABC. É integrante do Grupo MIX de Comunicação, composto também pela Rede de TV aberta, MIX TV.

domingo, 16 de outubro de 2011

A escola mais antiga de Itanhaém



Homenagens aos 60 anos de fundação da escola Benedito Calixto



Emoção e saudosismo marcaram a sessão solene realizada pela Câmara Municipal de Itanhaém, no dia 13, em comemoração aos 60 anos da Escola Estadual Benedito Calixto. Oficialmente, a escola faz aniversário em 22 dezembro (inaugurada em 1951), porém, o Legislativo decidiu aproveitar a semana de festividades alusiva aos 158 anos de nascimento de Benedito Calixto (14/10/1853), patrono da escola, para realizar a sessão. Cerca de 150 pessoas prestigiaram a celebração do jubileu de diamantes da mais tradicional unidade de ensino da Cidade. O evento teve a participação do coral Vozes de Itanhaém e do coral infantil Benedito Calixto. Esta sessão solene foi instituída pelo Decreto Legislativo 441/11.
Os vereadores homenagearam 10 pessoas. Os professores: Regiane Aparecida Ferrinho Antunes (vereador Alexandre); Amélia Bifulco (vereador  Kakulé); Cláudia Bechir (vereador Zé Renato); Eneida Peixe Hildebrand de Mori (vereador Marco Aurélio); Miriam Aparecida Mautone (vereador Mazinho); Cacilda Rita de Oliveira Pinheiro (vereadora Regina) ; Ernesto Coser (vereador Rogélio) e Maria Fernanda Forte Rebelo (vereador Valdir do Açougue). Carlos Simões (o Carlito) e José Duarte Narciso de Castro, (o popular Zé Macaco) que estudaram na Escola Benedito Calixto, no final da década de 50, foram agraciados, respectivamente, pelos vereadores João Rossmann e Milton Saldiba Passarelli de Campos Júnior.
A vereadora Regina, professora de Química, também foi homenageada pelos vereadores. A direção da escola prestou homenagens póstumas à primeira diretora, Eugênia Pitta Rangel Velloso; e aos professores Dalva Dati Ruivo, Maria da Conceição Luz, Maria Aparecida Soares Amêndola, Maria Graciette Dias e Walter Ferruccio Arduini.

Educação é a mola mestra deste país. Vamos cuidar melhor da Educação”. Mirian Viotto Soares de Lima, diretora da escola.

A Escola Benedito Calixto é berço de várias gerações de estudantes que construíram a história de Itanhaém”. Professor Eduardo de Souza Brito.

com texto da jornalista Monica da Silva Batista

Crônicas de um Itanhaense


Desajustado socialmente

Tem uns que não se encaixam no mundo

Nunca fui à missa.
Nunca fui ao jardim da infância.
Nunca fiz primeira comunhão.
Nunca fui na macumba.

Nunca almocei em restaurante bacana.
Nunca me dei bem em festas de bacana.
Nunca comi peixe cru.

Nunca gostei de gravata. Menos ainda de paletó.
Nunca fui à manicure, nem pedicure.

Nunca fui guarda-mirim.
Nunca fiz tatuagem.
Nunca servi ao exército. Nem em lugar algum.

Nunca li O Pequeno Príncipe.
Nunca entendi o que é álgebra.
Nunca entrei no Barravento.
Não consegui chegar ao Convento.

Mas já fiz um monte de coisas legais nessa vida:

- Já colhi coquinho tucum.
- Já catei caranguejo no mangue.
- Já pulei da ponte.
- Já comi sarapatel. E farofa de passarinhos.
- Já tive um programa de rádio.
- Já tive uma coleção do Tex Willer.
- Já assisti Mad Max no videoclube do Mini Golf.
- Já dormi em aldeia de índio.
- Já cacei tatu.
- Já fiquei duas horas conversando com o Sabiá. Mas ele não entendia nada do que eu falava.
- Já vi o nascer-do-sol no Morro do Cibratel. Sozinho.

André Caldas
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